quinta-feira, 24 de outubro de 2019

0 O Cristão e o Suicídio

O Cristão e o Suicídio

Atualmente estamos vivenciando uma série de pessoas que professam a fé cristã, digo cristã no sentido como os crentes eram chamados outrora, protestantes. Não é fácil mergulhar nas águas turvas e profundas desse assunto. Mas vou arriscar alguns singelos pitacos que pululam o meu coração.

Quando lemos às Escrituras Sagradas, nos deparamos com situações que nos chamam à atenção. A titulo de laconicidade, vou-me deter em apenas dois casos, que nos parecem situações de pessoas depressivas. O primeiro caso, é o de Elias. O Livro de I Reis, em seu capítulo 18, a partir do seu verso 16, nos conta à história do profeta do Senhor frente aos quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, já que os quatrocentos profetas de Aserá não compareceram. O episódio se desenvolveu no momento em que o covarde rei Acabe, cujo governo estava sob a influência máxima de sua esposa Jezabel, resolveu confrontar Elias com a acusação de que este estava perturbando a Israel. Elias, por sua vez, não deixou a oportunidade sumir, mas devolveu à acusação dizendo que quem de fato estava perturbando à nação era o rei e toda sua família, exercendo um governo nefasto. Diante disso, o profeta do Senhor lançou um desafio a Acabe. Ele mandou que os profetas de Baal e Aserá fossem todos reunidos, e no momento em que todos estivessem reunidos, fosse feito desafio que o Deus que respondesse à oração com fogo, era de fato o Deus que deveria ser adorado.

Desafio feito, temos a partir dos versos 25 à 29 o clamor inlgório dos profetas de Baal. Como não havia qualquer resposta, Elias entrou em cena no verso 30 e pediu para que o povo se aproximasse. Reparou o altar, e então clamou ao Senhor. Nos versos 36 e 37 ele fez uma oração e logo no verso 38 Deus o respondeu consumindo todo o holocausto ali preparado. Elias mandou prender os profetas de Baal, matando-os fragorosamente. A história é bastante rica em como Deus não deixou o seu servo desprovido do seu poder glorioso.

No entanto, a vida não é só feita de manifestações miraculosas de Deus, assim como não foi na vida do profeta Elias. Dias depois, vemos o profeta desiludido com a vida, tendo em vista que a situação não ficou muito animadora para ele, já que havia um mandado de Jezabel para que Elias fosse executado, por ter ele matado a todos os profetas de baal. No capítulo dezenove, verso quatro, o profeta deitado debaixo de um arbusto e sem forças para contornar a situação, pede para si a morte. Beacon diz, " ele se sentia tão deprimido a ponto de desejar que sua vida logo terminasse." Há momentos em nossa vida, nos quais nos encontramos assim, e aí, a mente começa a fazer indagações quase impossíveis de se chegar a uma resposta.

Outro personagem emblemático quando nos referimos à depressão é Davi. o homem segundo o coração de Deus, cf. 1ª Sm.13.14 e At.13.22. No Salmo 32, no qual o consagrado rei de Israel abre o seu coração e fala do estado em que se encontra. Ele diz que via à mão de Deus pesar sobre ele de dia e de noite, a ponto de ele não ter descanso. Calvino comentando esse texto explica "Às vezes sucede que, os que são torturados pela mais aguda tristeza, chegam ao ponto de sua dor os corroer e devorar interiormente e a guardam velada e reclusa em seu íntimo, sem confessá-la, e a violência de sua tristeza se irrompe com tanto ímpeto que não mais podem contê-la." Diante da dor da alma, muitas vezes não sambemos o que fazer.

Homens como o profeta Elias e o rei Davi venceram suas dores na alma. Não por que eles tivessem mais intimidade com Deus ou por que Deus os tratasse diferente. NÃO! Eles venceram porque resolveram confiar na graça do seu Criador. Suportou as mais lancinantes dores, sabendo que havia um Deus que os amava e que cuidava de cada detalhe de suas vidas.

Eu sei que lidar com a depressão não é algo fácil. Há uns que são mais fortes do que outros. Mas o que eu quero dizer é que se Deus cuidou tão bem dos seus no passado, não estará cuidando mais hoje? SIM, está, muitas vezes estamos tão desesperados para resolver os problemas da nossa alma, que não damos tempo suficiente para esperar mais um pouco. Queremos nos livrar logo da dor.

Infelizmente, muitos cristãos têm tentado resolver da maneira mais complexa. Não quero fazer qualquer julgamento acerca dos que partiram para tirar à própria vida. Acho simplório, precipitado, e pior ainda, injusto falar dos que se foram, tendo em mente que o final deles será a danação eterna. Porém, devemos guardar certa ressalva quanto a aceitar tranquilamente que essas coisas aconteçam em nosso meio sem que nos posicionemos. Acredito que se essas coisas estão acontecendo amiúde, chegou à hora de refletirmos melhor acerca da nossa fé. De como estamos nos relacionando com o próximo. É lamentável a falta de empatia de muitos irmãos ante a dor dos que choram os seus mortos.

Diante de tudo, é necessário que primemos pela comunhão. pelo amor não fingido, pela palavra de apoio, e sobretudo, que ofereçamos os nossos ouvidos para ouvir a dor dos que sofrem. Muitas vezes, o que essas pessoas podem ter de mais importante, é a sua presença para contar acerca da dor profunda na qual se encontra. Que Deus nos guie graciosamente, guarde os nossos, e console os que hoje choram copiosamente a perda dos seus ante queridos.

Referência

CALVINO, João. Comentário dos Salmos. Livro 2 (PDF)

WIERSBE, Warren. Comentário do Livro de 1 Reis. (PDF)

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AS 18:00

sábado, 7 de abril de 2018

0 O Rhema é a Prosperidade

Seria a prosperidade um elemento indispensável na vida do cristão? Muitas vezes ouvimos das pessoas que fazem o curso Rhema, dizerem "declare a vitória" ou "suas palavras têm poder, você precisa apenas exercer a fé de Deus." e por aí vai. A questão é a seguinte, temos nós o poder de fazer as coisas acontecerem usando apenas o poder da nossa palavra? Estarei escrevendo um artigo com base nessa problemática, e veremos que isso não passa de uma falácia totalmente descabida ante o que a Bíblia nos apresenta.

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AS 08:34

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

2 A FÉ E O COMÉRCIO

Hoje quero me debruçar sobre um assunto que tem chamado a atenção de todos os cristãos comprometidos com as Sagradas Escrituras, a Fé e o Comércio. Alguém já disse certa vez que, "Jesus no comércio da fé, não passa de um produto vendido a prestação". O que preocupa, e muito, é que parece que essa expressão tem sido bastante relevante em muito guetos denominados "evangélicos". 
Qual a relação então entre Fé e Dinheiro? Vou procurar ser conciso nessa resposta. A Bíblia, diferentemente do que Silas Malafaia certa vez afirmou, de que ela fala mais em dinheiro do que qualquer outra coisa, num programa de auditório, para ser mais preciso no The Noite apresentado pelo Danilo Gentili, veja nesse link: https://www.youtube.com/watch?v=TTm7tFNarF8, fala sim sobre dinheiro, mas não é o que mais ela fala. Qual a posição das Escrituras sobre essa área tão difícil de lidar? O ex-Arcebispo da Paraíba Dom Aldo Pagoto, disse certa vez que "o bolso é a parte mais sensível do ser humano". Vamos direto ao assunto e parar de tergiversar. Em Deuteronômio 15, há uma das mais impactantes orientações sobre recursos financeiros. A orientação de Deus era bem clara, não deveria haver pobre na terra. Israel estava indo para Canaã e lá tinha que conquistar a terra, só que a pobreza sempre ia acompanhar até mesmo o povo da aliança. Mas o que fazer para que a pobreza fosse extirpada do meio do povo? Diz os versos 4 a 11:

 "O SENHOR, nosso Deus, os abençoará ricamente na terra que lhes vai dar. Portanto, não haverá nenhum israelita pobrese todos derem atenção ao que o SENHOR ordena e obedecerem a todos os mandamentos que hoje eu estou dando a vocês.

Conforme prometeu, o SENHOR Deus os abençoará: vocês emprestarão a muitos povos, mas não tomarão emprestado de ninguém; terão domínio sobre muitos povos, mas não serão dominados por ninguém.

Se houver um israelita pobre em qualquer cidade da terra que o SENHOR, nosso Deus, vai dar a vocês, tenham pena dele e o ajudem. Sejam generosos e emprestem todo o dinheiro que ele precisar.

Se isso acontecer quando estiver perto o sétimo ano, o ano em que as dívidas são perdoadas, talvez você pense em não ajudar o necessitado. Afaste esse mau pensamento e ajude o seu patrício israelita; se não, ele gritará a Deus contra você, e você será culpado de pecado.

Não dê com tristeza no coração, mas seja generoso com ele; assim o SENHOR, nosso Deus, abençoará tudo o que você planejar e tudo o que fizer.

Sempre haverá pobres e necessitados no meio do povo, e por isso eu ordeno que vocês sejam generosos com todos eles." (Enfase acrescentada).

O que dizer então de não haver pobre na terra, quando na verdade vai haver? É interessante como Deus se antecipa a um acontecimento. A única regra para não haver pobre na terra, é justamente a liberalidade de os irmãos se ajudarem. O Verso onze é enfático "Sempre haverá pobres e necessitados no meio do povo, e por isso eu ordeno que vocês sejam generosos com todos eles." Ou seja, para que a pobreza fosse evitada, os que dispunham de recursos deveriam ser generosos com o próximo carente. Já dizia Davi no Salmo 37.25 "Fui moço e agora sou velho, mas nunca vi um homem bom abandonado por Deus e nunca vi os seus filhos mendigando comida." Oxalá tivéssemos mais liberalidade no doar aquele que necessita!

     Mas o que isso tem a ver com Fé e Comércio? Alguém pode perguntar. Já dei voltas demais sobre a questão, prometo ir direto ao ponto agora. Hoje há, de forma indiscriminada, "pastores" - uso esse termo entre aspas de propósito, pois não os acho pastores no sentido bíblico - que fazem uso de textos bíblicos para fundamentar as mais absurdas idiossincrasias na área financeira. É pastor que vende vassoura ungida, outros que mandam as pessoas deixarem as chaves e os documentos do carros para a igreja, outros que passam camisa com o sangue do após-tolo com poder de curar, etc. é como se fosse algo apotropeico, basta fazer isso, que tudo o que atrapalha vai ser eliminado.
   
     Enquanto a criatividade desses mercenários não para, eles se locupletam de forma absurda, onde vemos esses mesmo andando de jatinho, com segurança particular, uns até com autorização para matar se for necessário, pois são gente bem preparadas no que fazem!, fazendas, carros de luxo, mansões, etc. E o povo sofrido sendo enganado por esses falsários da palavra de Deus. Mas será que os culpados são os falsos pregadores ou a sanha do povo em negociar com Deus também não merece atenção? Sinceramente, fico absorto nesse mar que navega a fé e o comércio, pois a liga que os une é muito mais forte do que imaginamos. Como as pessoas se deixam levar por tanta falta de respaldo Bíblico?

   Que haja tempo para as pessoas abrirem os olhos e entenderem que fé e comércio não é uma  boa combinação. Pois nessa relação, só um lado ganha, nesse caso, o lado mais bem preparado para enganar. 

     Provérbios 3.9-10

    "Adore a Deus, oferecendo-lhe o que a sua terra produz de melhor. 
    Faça isso, e os seus depósitos ficarão cheios de cereais, e você terá tanto vinho, que não será capaz de armazenar."
    Desde que o dinheiro que você dê na igreja seja para ajudar os que mais precisam, e mais, que aja a relação binária, quais são? Voluntariedade por parte de quem doa, sem coação, imposição, etc.  e Transparência por parte de quem recebe, expondo relatórios claros das finanças, para que os que contribuem saiba para onde a sua contribuição está indo. Omissão nessa clareza das finanças recebidas pela igreja, é sinal de preocupação, pelo menos deveria ser. Já somos atoleimado pelo Estado Brasileiro, que nos joga impostos escorchantes e não nos devolve a clareza que tanto necessitamos.  
   

    Estou encerrando esse texto ouvindo a música "Ainda Bem" de Marisa Monte. Ainda bem!


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AS 07:18

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

11 HERESIA DA VASSOURA UNGIDA


       
Pois é amigos, estamos vivendo dias difíceis para a cristandade hodierna. Toda heresia, infelizmente, emana de um texto bíblico mal interpretado. No caso do vídeo em tela não é diferente. A falta de pudor dos vendilhões é de causar náusea em qualquer pessoa preocupada com a exposição do texto bíblico.  Para entendermos o que se passa na cena do texto arrolado, que fundamenta
tal heresia, nos valemos do apoio de Stanley Horton, no seu comentário de Isaías.
Sobre o verso 23, diz Horton: A destruição da Babilônia será tal que só animais inferiores habitarão nela. O agente de Deus para torná-la "lagoas de águas" (ou pantanal) e varrer a cidade com a rígida "vassoura de perdição" seria Senaqueribe. Ele a arrasou em 689 a.C. e cavou trincheiras a partir do rio para inundar a cidade e transformá-la em um pântano. (Horton, 2002, p.172).

         A falta de uma simples análise pode botar o texto a perder! Mas quem disse que os hereges têm interesse em analisar o texto hermeneuticamente? Quando os interesses pessoais estão acima da verdade, a verdade sempre será distorcida!

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AS 16:02

95 REFUTANDO ALGUMAS HERESIAS DO RHEMA BRASIL

O presente texto visa apontar doutrinas difundidas em vários seguimentos tidos como “evangélicos”, que causam embaraço na mente dos incautos, que por falta de interesse, ou por não saber refutá-los, aceitam como verdades inconfundíveis.

Eis um, dos vários ensinamentos que vamos apresentar seguidamente, que se não for entendido de forma correta, pode causar frustração e até revolta contra Deus e sua palavra.

Há um seminário bem conhecido no Brasil, O RHEMA Brasil, que tem ensinado várias disciplinas, dentre as quais me deterei na seguinte: “CRISTO AQUELE QUE CURA”. Nada contra o tema, pois cremos que Jesus continua operando em nossas vidas e também através de nossas vidas. O problema está na forma como tal ensinamento é apresentado. O professor dessa disciplina, não obstante, tenha morrido de uma séria enfermidade, mesmo assim ensinava a seguinte “verdade” para os estudantes da referida escola de teologia:

Está matéria tem o propósito de ajudá-lo a enxergar aquilo que o nosso Deus tem reservado para que vivamos uma vida LIVRE (sic) de enfermidades, desfrutando do prazer de viver a vida abundante que ele já nos concedeu em Cristo Jesus.


Pois é, e ainda tem a tese, defendida pelo autor da famigerada teologia da confissão positiva, E. W. Kenyon, que Hank Hanegraaff o chama de pai do moderno movimento da fé. “É tão errado para um crente carregar suas enfermidades quando Jesus já as carregou, quanto é errado para ele carregar os seus pecados quando Cristo já os carregou”, (E. W. Kenyon).


Vejam bem o quanto é danosa essa afirmação. Ninguém carrega enfermidade em sua vida porque quer. Se olharmos a luz das Escrituras vemos que muitas pessoas foram curadas segundo a sua fé em Jesus. Mas isso não implica que todos têm o direito de determinar a cura em sua vida, ou na vida de algum parente para consegui-la conforme a sua fé.


Vejamos alguns exemplos de pessoas que foram curadas no ministério de Jesus.


Lucas 8.40-56. Narra dois impressionantes milagres no ministério do Mestre. Um foi a cura da mulher do fluxo de sangue, que a doze anos vinha sofrendo com esse mal, VV. 40-48. E o outro a ressurreição da filha de Jairo, VV 49-56.


É importante ressaltarmos que nos dois casos em apreço, há suas peculiaridades. A mulher foi curada por causa da sua fé, já no caso da filha de Jairo, ele é consolado por Jesus para que apenas creia que a situação seria normalizada. Até aí podemos dizer que os milagres foram reais. Pois o texto bíblico não deixa dúvida quanto a isso.


Porém, vale salientar que não foi por causa apenas da fé de ambos que o milagre aconteceu, mas sim, por causa da graça de Cristo em curar as pessoas no seu ministério, bem como essa seria uma prerrogativa do messias prometido. Se analisarmos o texto de Deuteronômio 18.18, o profeta prometido devia ser tal qual foi o grande Moisés, mas com prerrogativas acima das de Moisés, cf. Mt.16.16.


Se a fé fosse uma prerrogativa infalível para obtermos a cura quando determinamos, enfrentamos sérios problemas na vida. Jesus falando acerca dos galileus que foram mortos por Pilatos, pois muitos pensavam que isso aconteceu porque os massacrados eram pecadores e dignos de morte mesmo. Só que Jesus desfaz essa crença ao afirmar: “ [...] Pensais que esses galileus, por terem sofrido essas coisas, eram mais pecadores que os outros? Eu vos digo que não; antes, se não vos arrependerdes, todos vós também perecereis”, (Lc.13.2,3). Ou seja, a desgraça acompanha a humanidade, independente se a pessoa tem fé ou não. Falarei mais sobre isso depois. E o que dizer dos dez que foram curados e só um voltou, que era justamente samaritano, glorificando a Deus? (Lc.17.11-19). Nesse caso o pedido de ambos era um só: “e gritaram: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” v 16. Observem que o pedido era por compaixão, e não porque eles estavam determinando.

Se formos sinceros, veremos que a vida cristã não é tão triunfalista quanto muitos tentam passar para as pessoas, que não têm interesse em perscrutar nas Escrituras tais ensinamentos.

E o que dizer das pessoas fiéis a Deus, que mesmo assim sofrem por tragédias, enfermidades incuráveis e tantos outros males que a vida apresenta? Estariam essas pessoas condenadas a sofrer por falta de fé, ou porque não sabem determinar a cura em suas vidas, ou devemos aceitar os propósitos de Deus, mesmo que eles nos sejam desconhecidos e não tão satisfatórios momentaneamente?

O que não podemos, é aceitar ensinamentos que visam tumultuar a fé das pessoas. Há dois textos que o RHEMA faz uso para confundir a mente dos seus alunos. Citarei ambos e os comentários dados pelo referido curso.

(Tiago 1.17) – TODA BOA DÁDIVA E TODO DOM PERFEITO são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sobra de mudança.

(Provérbios 10.22) – A Bênção do SENHOR enriquece, e, com ela, ele não traz desgosto.

Agora veja o comentário que o curso apresenta:

A enfermidade e a doença não podem ser enquadradas no padrão estabelecido pela Bíblia para que o que procede de Deus, pois ninguém poderia afirmar que uma doença ou enfermidade é uma “boa dádiva”, um “dom perfeito” ou uma “bênção que não traz desgosto. Além disso, a Bíblia diz que a vontade de Deus é “boa, agradável e perfeita”, assim sendo, a doença não poderia ser da vontade de Deus.


Estaria os professores dessa escola teológica agindo corretamente? Acredito que não, e passarei os motivos.

O texto de provérbios não fala de forma alguma que doença não provém de Deus. O comentário Beacon apresenta alguns pontos que nos servem de norte para entendermos o que o autor quis externar nesse capítulo. Ele assim diz: “As palavras justiça v 2 e justo, v 3, tão proeminentes neste capítulo, são palavras-chave em provérbios”. E acrescenta “O homem justo é orientado pela sabedoria , v 13, e a sua fala é disciplinada, v 14. Ele continua apto a ser ensinado, v 17. A sua fala é digna de ser ouvida, v 20. As suas palavras são bênçãos para os outros, v 21. A sua fortuna consiste nas riquezas superiores que somente Deus pode dar, v 22. (Comentário Bíblico Beacon, CPAD, p.382).Onde encontramos alguma descrição de doença no referido texto, para fundamentarmos a cura? Portanto, não podemos amparar a ausência de enfermidade alegando uma bênção de Deus, sendo assim, muitos ímpios vivem mais saudável do que muitos crentes fiéis, cf. Sl.73.1-13! Como também não podemos alegar a presença de algum mal físico como um castigo dEle, cf. Jó.1.

Quanto a Tiago 1.17, temos um texto emblemático, pois o mesmo fala de alguns princípios, como suportar provação, VV 2-4, falta de fé, VV 5-8, o perigo da soberba VV 9-11, Deus não tenta ninguém, VV 12-15, e por fim, a origem das boas dádivas, ou seja, no próprio texto não temos referência a questão das enfermidades.

Se não analisarmos o texto nessa perspectiva, teremos que apontar sérios distúrbios em personagens como Elias e Davi. Vejamos o que esses dois homens passaram em suas vidas.

Comecemos por Elias, esse grande profeta de Israel, que foi acometido de um mal comum a nossa sociedade, talvez uma terrível depressão, pois em 1ªRs.19.4, lemos: “Mas ele(Elias) entrou pelo deserto, caminho de um dia, sentou-se debaixo de um arbusto e pediu a morte, dizendo: Já BASTA, ó Senhor. Toma agora a minha vida, pois não sou melhor que meus pais” (ênfase acrescentada). Um profeta de Deus optando pela morte, quanta incongruência!

E o maior rei humano de Israel, Davi? No salmo 32.3,4, lemos: “Enquanto eu me calei, meus ossos se consumiam de tanto gemer o dia todo. Porque tua mão pesava sobre mim de dia e de noite; meu vigor se esgotou como no calor da seca”. Vejamos o que o comentário Beacon diz sobre essa passagem: “[...] é possível que a condição descrita nesses versículos tenha sido de uma enfermidade física séria, possivelmente uma febre intensa. (Comentário Bíblico Beacon. CPAD, p.169). E segundo o verso 4, quem estava com sua mão pensando sobre a sua vida?


Concluo esta parte, certo de que Deus é soberano em todas as coisas, mesmo quando a vida nos surpreende com tragédias e coisas que não estamos acostumados. Se orarmos conforme Cristo ensinou aos seus discípulos em Mt.6.9-13, teremos uma compreensão bem abalizada da vontade soberana de Deus para as nossas vidas. Agora, se sorvermos o que alguns televangelistas pregam, dizendo: “Não precisamos mais sofrer. É por isso que temos de assumir o que nos pertence, pondo o poder de Deus em ação. Amado, assuma a posição de herdeiro do Senhor Jesus, tome posse do que é seu! Não jogue fora essa oportunidade” (Soares em 12 Mensagens que funcionam. Ed. Graça. Rio de Janeiro,2007, p.47), teremos sérias dificuldades de assimilarmos a soberania do Rei desse Universo. Deus é soberano em todas as coisas, e não naquilo que satisfaz o nosso ego.

No próximo texto falaremos mais sobre cura e finanças.


ATT. Pr. Ângelo André Couto de Oliveira.

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quarta-feira, 23 de abril de 2014

0 Eu não Vou para a Igreja Porque ...

 
 É quase uma regra ouvir de algumas pessoas que não estão interessadas em ir para a igreja, usando do seguinte artifício: "É por isso que eu não vou para a igreja, pois acho errado pastor se meter nisso, irmão que não faz aquilo e etc e etc". 

   Não podemos esquecer que o testemunho cristão é importante, e também causa um certo impacto na vida daqueles que não tem nenhum compromisso com a igreja. Só não devemos esquecer também que, há algo mais complexo na questão que, independe da vontade da pessoa. 

   O apóstolo Paulo escrevendo para a igreja de Éfeso diz no capítulo 2.1-7:

 "Ele vos deu vida, estando vós mortos nas vossas transgressões e pecados, nos quais andastes no passado, no caminho deste mundo, segundo o príncipe do poderio do ar, do espírito que agora age nos filhos da desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos, seguindo os desejos carnais, fazendo a vontade da carne e da mente; e éramos por natureza filhos da ira, assim como os demais. Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus".

   Aqui está um dos maiores dramas da vida cristã! Segundo as palavras do apóstolo Paulo, a questão de se aceitar estar livremente na igreja, ou a liberdade de rejeitar estar presente nela como reconhecimento de que a Igreja é um projeto de Deus, onde nos reunimos para louva Aquele que Reina e Vive para sempre,  vai muito além de meros sentimentos de ir ou não ir. A questão é que envolve morte espiritual, e causada pelo pecado. 

   As palavras iniciais transgressões e pecados tem uma conotação muito forte. O termo grego parptoma (delito), conforme a versão Almeida Revista e Atualizada, segundo Stott, "é um passo falso, que envolve ou a travessia de uma fronteira conhecida ou um desvio do caminho certo". O segundo termo hamartia (pecado, ARA), ainda segundo Stott, significa, "mais um erro d o alvo, deixando de chegar à altura de um padrão". Para o referido comentarista, as duas palavras juntas descrevem claramente os nosso pecados de comissão e omissão. 

   O Dr. Lloyd Jones sem meias-palavras faz uma exposição impactante desses termos adotados aqui pelo apóstolo Paulo. Ele diz que uma ofensa "É uma transgressão externa. De fato o sentido radical da palavra é algo que se aparta do verdadeiro e do íntegro". Segundo ele pelo fato de o homem ter sido criado para ser íntegro, verdadeiro, justo e santo, mas que se apartou desse estado, e não ser mais íntegro, ele arremata: "É como algo inclinado ou caindo ao chão; saiu da sua posição verdadeira, da sua posição perpendicular". 

   Com relação a palavra "pecado". Aqui, segundo Jones, "inclui todas as manifestações do pecado considerado como um princípio interior". É interessante como tais comentaristas conseguem extrair do texto bíblico verdades neles contidas, que nos fazem refletir profundamento o sentido cristão. Asseverando de forma prática o que Paulo quis dizer com o uso dos dois termos, diz Lloyd Jones: " Há em cada um de nós este princípio corrupto, e este se manifesta no que chamamos pecados. Temos, pois, aqui, uma defimição muito compreensiva da vida do homem fora da graça divina - uma queda do verdadeiro, do certo, do íntegro e do homem fora da graça divina - uma queda do verdadeiro, do certo, do íntegro e do justo, e todas as manifestações externas deste princípio mau que há dentro de nós. É isso que se quer dizer com ofensas e pecados".        

   Portanto, antes de darmos ouvido ao que tais pessoas dizem, precisamos olhar para as Escrituras e deixar com que elas nos guiem pelas sendas retilíneas da verdade.

   Digo verdadeiramente que não é pela atitude de alguém que os ímpios não vão para a igreja, mas é por causa do estado de pecado que se encontra a raça humana. Mortos em pecados e delitos. E se Jesus não ressuscitar tais pessoas, elas jamais sentirão prazer em estar em Sua presença. Reconhecer que a Igreja é um organismo que no decorrer da história Deus tem manifestado a sua graça de forma maravilhosa, cf. Ef.3.10, "para que agora a multiforme sabedoria de Deus seja manifestada, por meio da IGREJA, aos principados e poderios nas regiões celestiais,". 

   Portanto, antes de você dizer alguma coisa sobre a igreja e sobre as pessoas que fazem a mesma, cuidado, pois persegui-la traz implicações seríssima, pois havia um certo homem que tentou fazer isso e não foi bem sucedido. É só analisar At.9. 

    Fico extremamente feliz pelo fato de saber que as Escrituras são bem claras quanto ao estado do homem. Pois quando nos debruçamos diante dela, podemos conhecer o agir de Deus no decorrer da história e como ele nos enxerga. 

    Espero que antes de alguém fazer tal tipo de comentário, analise melhor os seus próprios argumentos. Até porque a vida moderna nos coloca numa condição de rejeição das autoridades constituídas, e isso não exime as autoridades eclesiásticas.

    Saiba que o seu problema não é a conduta do pastor ou das ovelhas que privam você de ir a igreja, mas sim, o seu comodismo com o pecado. Pois até agora não me lembro de ter ouvido alguém fazer esse tipo de comentário e perder noites e mais noites em farras. Se isso fosse verdadeiro, o discurso para não ir a igreja, quer dizer que nas farras só tem santos!? Que coisa, não? A hipocrisia tem se manifestado de forma profusa. Ó mundo difícil de se compreender! 

*AACO
Referência

Bíblia A21
JONES, D. M. Lloyd. Reconciliação: O Método de Deus. São Paulo: Ed. PES, 1995.
STOTT, John R. W. A Mensagem de Efésios. A Nova Sociedade de Deus. São Paulo: Ed. ABU, 2007.

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AS 08:43

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